Classificação de risco: entenda tudo sobre o assunto
Sem regras, qualquer ambiente que faça atendimento ao público com certeza viraria um caos. E a preocupação com a eficiência e segurança é ainda mais importante quando se fala na área da saúde, onde a vida e o bem-estar das pessoas estão em jogo. Quando tratamos de um ambiente hospitalar e outras unidades de saúde, a classificação de risco é o que dita a prioridade de atendimento dos pacientes. Para você ficar por dentro desses protocolos, montamos um guia prático sobre a classificação de risco e sua importância na prática.
No entanto, antes de começarmos a falar sobre, é importante entender o que é classificação de risco na enfermagem e qual o seu impacto para um bom funcionamento do ambiente de saúde.
O que é classificação de risco na área da saúde?
Ela nada mais é do que uma avaliação classificatória realizada no acolhimento em unidades de saúde com o intuito de servir como triagem. Ou seja, essa avaliação prévia serve para calcular a emergencialidade de cada situação, o que facilita na hora de encaminhar cada paciente para o atendimento de acordo com a sua necessidade. Isso privilegia a qualidade e agilidade para quem precisa mais, ajudando a equipe a tomar decisões mais adequadas.
Com isso, pacientes que precisam de atendimento emergencial não correm o risco de ter menos prioridade em relação aos que aparecem com quadros mais estáveis. Levar em consideração as necessidades de cada pessoa (como grau de sofrimento e potencial de agravamento), não só ajuda a proporcionar um atendimento mais humanizado, como também aumentar a eficiência na gestão de unidades de saúde.
Esse é o grau de importância da classificação de risco no atendimento pré-hospitalar, fundamental para a organização no ambiente da saúde.
Quais são as classificações de riscos?
Por conta da triagem realizada através da classificação de risco no momento do acolhimento hospitalar, mostrou-se necessário um método visual para ajustar a classe de cada paciente, resultando na identificação por cores. De acordo com o Ministério da Saúde, a classificação de risco é determinada da seguinte forma:
- Vermelho: nível emergencial, onde o paciente corre risco imediato de perder a vida (atendimento imediato);
- Laranja: nível urgente, no qual a condição do paciente pode se agravar caso o mesmo não seja atendido logo (atendimento em até 60 minutos);
- Verde: nível pouco urgente, quando o paciente corre baixos riscos imediatos à sua saúde (atendimento em até 120 minutos);
- Azul: não urgente, que caracteriza a inexistência de risco imediato à saúde do paciente (atendimento em até 240 minutos).
A classificação de risco no hospital comumente segue as indicações dos quatro níveis detalhados acima. É por isso que a Cartilha de Acolhimento com avaliação e classificação de risco determina a agilidade necessária em cada atendimento, procurando sempre manter uma eficiência funcional do primeiro contato do paciente com a unidade de atendimento até o momento em que ele é atendido pelo profissional responsável.
Quais são os 4 principais protocolos da classificação de risco no mundo?
Há diversos protocolos de classificação de risco hospitalar para os pacientes ao redor do mundo, mas existem alguns modelos mais difundidos e amplamente respeitados. Dois deles utilizados em solo nacional e outros dois aplicados em outros países. Acompanhe-os abaixo:
- Sistema de Triagem de Emergência Australiano (ASETS):
Implementado principalmente na Austrália, o ASETS também utiliza a escala de cores para categorizar pacientes com base no grau de emergencialidade para cada atendimento. As cores utilizadas são azul, verde, amarelo, laranja e vermelho, sendo essa ordem crescente, do menor até o pior nível.
- Sistema Simple Triage and Rapid Treatment (Protocolo de Triagem START):
Comumente utilizado nos Estados Unidos da América, o START é um sistema de triagem rápido e prático, com o intuito de ser utilizado em situações acometidas de desastres ou até mesmo emergências em massa. Nele, as categorias da triagem são diferenciadas entre o verde (nível leve), o amarelo (nível moderado), o vermelho (nível grave) e o preto (nível mortal).
- Protocolo de Manchester:
Muito utilizado aqui no Brasil em diversos outros países da Europa, o Protocolo de Manchester defende o nivelamento em cinco níveis, do maior ao menor nível de gravidade, seguindo essas cores: vermelho, laranja, amarelo, verde e azul.
- Protocolo do SUS:
Um pouco diferente, o protocolo utilizado no SUS é baseado em três zonas que qualificam as prioridades de atendimento de cada. São elas a área vermelha, mais crítica e com atendimento imediato; a área amarela, com atendimento o mais breve possível e a área verde, sem urgência.
Como funciona a classificação de risco do SUS?
A classificação de risco do SUS é separada em três zonas e é espalhada nos seguintes níveis: vermelho, amarelo e verde. Cada um deles tem o seu patamar de urgência no atendimento, sendo explicados da seguinte forma:
- Área Vermelha – é cuidadosamente equipada e tem como objetivo receber, avaliar e estabilizar pacientes que apresentam quadros clínicos e traumáticos urgentes. Nessa área, nossa equipe de profissionais altamente capacitados atua com agilidade e precisão para garantir os primeiros socorros necessários. Após a estabilização, os pacientes são encaminhados para as áreas subsequentes, de acordo com suas necessidades específicas.
- Área Amarela – é especialmente designada para assistir pacientes críticos e semicríticos que já iniciaram um tratamento de estabilização. Aqui, nossa equipe de saúde continua a prestar cuidados intensivos e monitoramento constante para garantir a recuperação dos pacientes e evitar agravamentos.
- Área Verde – área destinada a pacientes não críticos, em observação ou internados aguardando vagas nas unidades de internação ou remoções para outros hospitais de retaguarda. Sem prioridade urgente.
O que é o Protocolo de Manchester?
O Protocolo de Manchester, já citado anteriormente, é um dos métodos de triagem hospitalar mais utilizados no Brasil. Com ele, no acolhimento hospitalar, o paciente é classificado com uma cor, de acordo com a necessidade de atendimento, podendo atingir vários níveis. Conforme mais crítica e perigosa for o seu quadro, mais quente fica a cor atribuída. Os níveis são os seguinte:
- Vermelho: emergente (atendimento imediato);
- Laranja: muito urgente (atendimento em até 10 minutos);
- Amarelo: urgente (atendimento em até 60 minutos);
- Verde: pouco urgente (atendimento em até 120 minutos);
- Azul: não urgente (atendimento em até 240 minutos).
O enfermeiro e as classificações de risco
O enfermeiro desempenha um papel fundamental na aplicação dos protocolos de classificação de risco. Ao receber um paciente, o enfermeiro realiza uma avaliação inicial para identificar sinais e sintomas que indicam a gravidade da condição. Com base nas informações levantadas, ele está apto a aplicar o protocolo de classificação de risco – que pode ser um sistema de cores, números ou categorias.
Essa ferramenta permite ao enfermeiro direcionar os pacientes mais urgentes para atendimento imediato, assegurando que aqueles com risco de vida ou condições mais graves recebam atenção prioritária. Além disso, o enfermeiro também monitora o estado dos pacientes durante o atendimento para agir caso ocorram mudanças em suas condições.
Em suma, a atuação do enfermeiro na aplicação desses protocolos é crucial para garantir uma triagem eficiente e padronizada, contribuindo para salvar vidas e oferecer os cuidados adequados a todos os pacientes que buscam assistência em diferentes atendimentos de saúde.
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Referências:
https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/acolhimento.pdf